segunda-feira, 22 de abril de 2013
A VÍRGULA
A Associação Brasileira de Imprensa (ABI) completou cem anos em abril e aproveitou para lançar uma campanha muito útil a todos os brasileiros, não só aos jornalistas. Ela defende o uso correto da vírgula.
Todas as pessoas alfabetizadas escrevem. Escrevem e-mails, bilhetes, cartões, teses, contratos, receitas, blogs e mais um sem-fim de palavras. Algumas escrevem para si mesmas, e, nesse caso, até dá para perdoar um certo relaxamento, mas a maioria escreve para ser lida por outro alguém, e quem faz isso ambiciona ser compreendido. Então. O uso correto da vírgula é crucial para alcançar esse objetivo.
No entanto, o critério para “uso correto” continua sendo, para muitos,o da respiração. As pessoas escrevem como se estivessem conversando, e se imaginam que faria uma pausa dramática num determinado momento, pronto: decidem que ali cabe uma vírgula. Entendo. Eu, às vezes, faço a mesma coisa.Por exemplo, deu vontade de não colocar entre vírgulas o “às vezes” que acabei de escrever. Preferia ter escrito: “Eu às vezes faço a mesma coisa”, porque eu, normalmente, falaria essa frase de forma mais veloz, e não pausada. Mas a vida não é tão simples. Salvo algumas licenças poéticas, é preciso seguir à risca os mandamentos da vírgula. Não me pergunte quais são, não sei, sempre escrevi por instinto, mas a ABI sabe e resolveu entrar nessa campanha dando exemplos muito práticos, que transcrevo abaixo.
OBSERVE:
a) A vírgula pode ser uma pausa... ou não:
Não, espere.
Não espere.
b) Ela pode sumir com o seu dinheiro:
23,4%
2,34%
c) Pode ser autoritária:
Aceito, obrigado.
Aceito obrigado.
d) Pode criar heróis:
Isso só, ele resolve.
Isso só ele resolve.
e) E vilões:
Esse, juiz, é corrupto.
Esse juiz é corrupto.
f) Ela pode ser a solução:
Vamos perder, nada foi resolvido.
Vamos perder nada, foi resolvido.
g) A vírgula muda uma opinião:
Não queremos saber.
Não, queremos saber.
A campanha termina dizendo que a vírgula muda tudo. Dou outro exemplo. Dia desses, um moço mandou um e-mail para um programa de rádio que começava assim: “Eu como colono, gostaria de...” Pois é. Pequeninha, mas salva até reputações.
GOSTOU?
MARTA MEDEIROS
AI, GRAMÁTICA, AI VIDA.
[...]
INFÂNCIA: A PERMANENTE EXCLAMAÇÃO
Nasceu! É um menino! Que grande! E como chora! Claro, quem não chora não mama!
Me dá! É meu!
[...]
A PUBERDADE: A TRAVESSIA (OU O TRAVESSÃO)
[...]
— O que eu acho, Jorge — não sei se tu também achas — o que eu acho — porque a gente sempre acha muitas coisas — o que eu acho — não sei — tu és irmão dela — mas o que eu estive pensando — pode ser bobagem — mas será que não é de a gente falar — não, de eu falar com a Alice — Alice tu sabes — tu me conheces — a gente se dá — a gente conversa — tudo isto Alice — tanto tempo — eu queria te dizer Alice — é difícil — a gente — eu não sei falar direito.
JUVENTUDE — A INTERROGAÇÃO
Mas quem é que eu sou afinal? E o que é que eu quero? E o que é que vai ser de mim?
E Deus, existe? E Deus cuida da gente? E o anjo da guarda, existe? E o diabo? E por que é que a gente se sente tão mal?
[...]
Mas por que é que tem pobres e ricos? Por que é que uns têm tudo e outros não têm nada? Por que é que uns têm auto e outros andam a pé? Por que é que uns vão viajar e outros ficam trabalhando?
AS PAUSAS RECEOSAS (RECEOSAS, VÍRGULA, CAUTELOSAS) DO JOVEM ADULTO
Estamos, meus colegas, todos nós, hoje, aqui, nesta festa de formatura, nesta festa, que, meus colegas, é não só nossa, colegas, mas também, colegas, de nossos pais, de nossos irmãos, de nossas noivas, enfim, de todos quantos, nas jornadas, penosas embora, mas confiantes sempre, nos acompanharam, estamos, colegas, cônscios de nosso dever, para com a família, para com a comunidade, para com esta Faculdade, tão jovem, tão batalhadora, mas ao mesmo tempo tão, colegas, tão.
[...]
O HOMEM MADURO. NO PONTO.
Uma cambada de ladrões. Têm de matar.
Matar. Pena de morte.
O Jorge também. Cunhado também. Tem de matar. Esquadrão da morte. E ponto final.
No meu filho mando eu. E filho meu estuda o que eu quero. Sai com quem eu quero.
Lê o que eu quero. Freqüenta os clubes que eu mando.
Tu ouviste bem, Alice. Não quero discutir mais este assunto. E ponto final.
(UM PARÊNTESE)
(Está bem, Luana, eu pago, só não faz escândalo)
O FINAL... RETICENTE...
Sim, o tempo passou... E eu estou feliz... Foi uma vida bem vivida, esta... Aprendi tanta coisa...
Mas das coisas que aprendi... A que mais me dá alegria... É que hoje eu sei tudo... Sobre pontuação...
Moacyr Scliar
OBS. Trabalhar a interpretação deste texto quando fores trabalhar a pontuação com seus alunos.
sábado, 20 de abril de 2013
T R A D U Z I R - S E
UMA PARTE DE MIM
É AGITAÇÃO
OUTRA PARTE
É MÁGOA, AFLIÇÃO
UMA PARTE DE MIM
É BONDADE
OUTRA PARTE É
PURA MALDADE
UMA PARTE DE MIM
É AMOR
OUTRA PARTE
MUITA DOR
UMA PARTE DE MIM
É ORGULHO
OUTRA PARTE É
OPINIÕES DESNECESSÁRIAS, ENTULHO
UMA PARTE DE MIM
É PÉ NO CHÃO
OUTRA PARTE VOA
IS ALTO QUE UM AVIÃO
HÁ UNS ANOS ATRÁS
NASCEU
ESSA PESSOA DE DIFERENTES FACES
ESSA SOU EU!
BRUNA - 8ª 1
É AGITAÇÃO
OUTRA PARTE
É MÁGOA, AFLIÇÃO
UMA PARTE DE MIM
É BONDADE
OUTRA PARTE É
PURA MALDADE
UMA PARTE DE MIM
É AMOR
OUTRA PARTE
MUITA DOR
UMA PARTE DE MIM
É ORGULHO
OUTRA PARTE É
OPINIÕES DESNECESSÁRIAS, ENTULHO
UMA PARTE DE MIM
É PÉ NO CHÃO
OUTRA PARTE VOA
IS ALTO QUE UM AVIÃO
HÁ UNS ANOS ATRÁS
NASCEU
ESSA PESSOA DE DIFERENTES FACES
ESSA SOU EU!
BRUNA - 8ª 1
T R A D U Z I R - S E
T R A D U Z I R - S E
UMA PARTE DE MIM É TRISTEZA
OUTRA PARTE FRANQUEZA
UMA PARTE DE MIM É DIVERTIDA
OUTRA PARTE É INCOMPREENDIDA
UMA PARTE DE MIM É ILUSÃO
OUTRA PARTE SONHOS DO CORAÇÃO
UMA PARTE DE MIM É TIMIDEZ
OUTRA PARTE RIGIDEZ
UMA PARTE DE MIM É COMPREENDIDA
OUTRA PARTE JAMAIS COMBATIDA.
OUTRA PARTE FRANQUEZA
UMA PARTE DE MIM É DIVERTIDA
OUTRA PARTE É INCOMPREENDIDA
UMA PARTE DE MIM É ILUSÃO
OUTRA PARTE SONHOS DO CORAÇÃO
UMA PARTE DE MIM É TIMIDEZ
OUTRA PARTE RIGIDEZ
UMA PARTE DE MIM É COMPREENDIDA
OUTRA PARTE JAMAIS COMBATIDA.
Assinar:
Postagens (Atom)